Era ela. Só podia ser. Tinha-a encontrado. Do nada. Por mero acaso.
Nas palavras que sempre achou que lhe ouviria. Na voz que sabia pertencer-lhe. No sorriso que só ela saberia expressar. Nos gestos que só ela desenharia.
Era ela. Na forma como andava. Como sempre a tinha sonhado.
Aquela e mais nenhuma.
Como se finalmente a resposta a todos os seus anseios se tivesse feito presente.
Deixou o olhar preso nela. Talvez por demais evidente. Dariam por certo conta de tal espanto.
Viu-a dirigir-se a si. Acompanhada. Era João o seu velho amigo de universidade. Que vidas!
Manuel dá cá um abraço! Há tanto tempo. Que tens feito?
Vieram as histórias e as apresentações.
Ela, também desse tempo partilhara algumas vivências. Recordava-o agora.
A semente do sonho que deixou crescer dentro de si.
Dá-nos os parabéns Manuel. Vamos ser pais.
Do resto não se lembra. Abateu-se um nevoeiro. Igual ao que vivera nos últimos tempos confinado aos tempos entre a casa e o trabalho. Num querer sem saber o quê. Num desejo sem objecto.
Talvez a tivesse esperado enquanto terminava relatórios ao computador embriagado pelo som monótono das teclas em noites sem fim.
Esperou-a também no fundo dum copo sentado sozinho no balcão dum bar qualquer sem mais ninguém, fora de horas.
Algumas vezes esperou-a nos braços doutras mulheres que já não recordava por não lhe saberem a nada.
E em milhentas filas de transito, nas caras de quem conduzia quando se dirigia para o trabalho.
Sabia que sempre a esperara… no lado errado da vida.
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