Atrás perdera a família numa encruzilhada qualquer da vida.
Veste o negro chumbo da dor de tanta saudade e arrependimento.
Sente agora que na ilusão dum amor, que julgava eterno, perdeu quem a amava, num mar de dor.
No adro da igreja onde todos se juntam, procura olhares de entendimento e vozes de conforto. Fala de si a quem a ouve e pensa, quer, redimir-se assim. Porque lhe pesa uma qualquer, enorme, culpa.
Procura a trajectória da pedra, que paira no ar, de quem a possa acusar. Quer ser atingida. Penar. Para sentir alívio.
E quando julga paga a pena, decide passar a punir.
Agora a sua causa é maior. Sente-se também maior. A culpa que sentiu e pagou, vai fazê-la obrigar pagar, a quem ainda não o fez.
Porque se julgou e se fez julgar. Sente o poder de o fazer.
Munida das pedras de que se tornou alvo, atira-as sem dó. Sonha que assim ganhará o que um dia perdeu.
Fá-lo-á na aldeia a que chegou, e ás portas a que bater nas aldeias por que passar.
Pensa-se já mais leve, melhor. Julga nos outros o que viveu em si. Mede os outros com a sua medida. Faz dum mundo enorme um mundo ao seu tamanho.
Não sabe ainda que em vez de culpas, carregará pedras!
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