Fica a vê-la afastar-se num espanto sempre renovado. Tudo lhe parece novo e único. Sempre.
Como da primeira noite que viveu com ela. A olhar-lhe o sono tranquilo.
Á procura de respostas para as perguntas que ainda não conhecia.
Incrédula do que acabava de lhe acontecer. Um desejo feito milagre, feito gente!
E a construir o caminho que julgava já feito para dentro de si. A dizer baixinho, és minha e eu sou tua!
Até não ser mais preciso. Até que o cordão, que alguém cortara, se ligasse de novo, de forma invisivel mas forte e sentida. E fossem de novo uma dentro da outra. Mas distintas. E á vista uma da outra.
Para o abraço, para o colo, para a troca das palavras e dos afectos a crescer em reciprocidade.
Sabe-a diferente e ás vezes tão igual!
É aquilo que a separa de si que verdadeiramente a define. A faz como é. Única e singular.
O que construiu nela das e pelas vidas dos outros que a rodeiam, fez dela o que é agora. Em cada encontro, tocado ou cruzado. Em cada momento vivido, sofrido. Em cada lágrima ou riso. Em cada pessoa, em toda a gente.
Os desafios, os confrontos, os entendimentos, as semelhanças.
Pertencer ou não. Partilhar ou não. E construir-se a partir de tudo isto como propósito final.
Ser quem é. Claramente. Assumir-se sem afrontar. Sendo só.
Como tão bem sabe fazer.
Em sobressaltos, a dificuldade de viver articuladamente e em sintonia com o que é, pensa e sente. Sempre, mesmo quando a dor é muita .
Aprendeu que prestará contas de si a si própria. A mais ninguém terá de o fazer.
Assumirá as consequências. Ninguém pagará as suas contas.
E é isto que é dela. O que é agora, ainda em construção. Que assume.
Olha-a até não a ver mais. E fica assim, parada sem saber o que fazer.
Não a quer deixar já sózinha.
Tivesse ela um canto dentro de si e embarcaria nele, para a confortar e apaziguar sempre que fosse necessário.
Como há tanto tempo já , ela mãe, a transportou a ela, filha.
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