Confesso

Não, não penses que é de ti que falo. Não te enganes com as palavras que brotam de mim. Sou todas as mulheres que já conheceste e ainda estás para um dia conhecer.
Em mim navega a voz das que escuto e sei por aí.

Entre tantas coisas que sinto, escolho falar do que poderia ter sido. Construir um mundo para lá de mim. Imaginar os caminhos que decidi não trilhar.
E ouvindo as palavras que abandono ao som das teclas num ecrã que se vai pintando devagarinho de emoções, julgo ás vezes ser o que sinto então.

Acabada a musica que componho num teclado sempre igual, regresso ao que sou. A mim própria.
Despida das fantasias e da melodia que cantei baixinho até ao final que deixo acontecer. Sou então eu. E não me mostro.
Porque tenho ainda algum pudor.

Por isso te digo que não é de mim que falo. Nem de ti. Muito menos de nós.

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