O que será...



Simone- O que será.

Rodeou-lhe a cintura num gesto de auxílio. Com suavidade. Ela sentiu-se segura. Sentiu o olhar dele na sua nuca. Semicerrou os olhos e absorveu o momento numa tremura que lhe invadiu o corpo.
Deixou-a e voltou ao que fazia.
Ela ficou a observá-lo. Aquele homem tocava-a. Ainda não sabia porquê. Despertava-lhe os sentidos duma forma doce cheia de carinho. Não a incomodavam os gestos que noutra pessoa podiam parecer ofensivos. Dele pareciam vir com naturalidade e sinceros. Ficava a sonhar.

Cruzavam-se e tocavam-se de vez em quando. Com a vontade de mais a crescer. Até ao abraço que finalmente se fez. E o beijo trocado na ânsia de sedes anunciadas. Olharam-se como se se conhecessem de há muito. E se reencontrassem. Ali, naquele momento.

Prolongaram o tempo que tinham em ninharias inventadas. Até ser tarde.
E terem de se afastar. Ouviram uma música que seria a deles. Dum cd e duma faixa qualquer. Leva-o. Ouve até quereres. A nossa música.

Ouviu durante dias. Sempre o mesmo.
Prolongava assim o que não podia prolongar doutra forma. Até não o ouvir mais.

Descobriu-o agora de novo. Vieram-lhe á memória os sonhos. Acarinhou-os e em voz baixa embalou-os para os adormecer e devolver ao tempo a que pertenciam. E lá ficaram. Em pousio.
Há sonhos que não se devem alimentar. Mesmo que tragam boas memórias. Serão sempre só isso.

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