Morada

Entrou devagarinho. A pouco e pouco espraiou-se nela.
Com a ternura no olhar e a doçura nos gestos. Fez nela abrigo e morada.
E ela deixou-o ficar-se. Em espaços que ainda vazios eram seus.

Gravadas ainda estadias doutros, noutros tempos não a impediam de alojar quem quisesse pelo tempo que fosse.
Quase nunca sabia como tal acontecia.
Limpas as réstias de quem a habitava deixava-se de novo invadir.
E renovava-se. Precisava de o fazer.

Queria não mais esperar.
Saborear os instantes como se fossem uma vida.
Deixar-se ficar assim em contínua viagem com quem nela morasse, mesmo que por tempo incerto.

E tantas vezes desejou que fosse eterno!

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