É aquela batida que o acompanha sempre. Quase não deixa que acabe para a por a tocar de novo. Como um cigarro atrás de outro quando o vício se instala.
Regressa a casa.
Um regresso em que não houvera partida, como se de lá nunca tivesse saído.
Naquele Sul quente empoeirado de poentes laranja a emoldurarem o horizonte.
Sobe-lhe o cheiro a terra acabada de lavar pela chuva mole dum tempo que sem aviso a deita á terra.
Uma outra música, um ou dois pares em abandono. Roupa colada ao corpo, cabelos escorridos sem movimento no balanceio a que a música obriga. Puro contágio.
Ela, esguia, solitária. Entregue ao ritmo que dança com a música e a chuva que não deixa de cair.
Procura-lhe os olhos. Caminha para ela ensaiando os passos e as palavras.
Atravessa uma cortina tecida de finas gotas de água tépidas que descem em névoas rente aos pés ainda hesitantes.
Estica um braço, enlaça-a e rodopia com ela. A melodia que ouve vem do bater do seu coração.
Não há chuva nem música. Não há gente nem poentes.
Há um regressar a casa numa partida que nunca aconteceu nos braços duma batida que o acompanha sempre.
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