Procurara por toda a cidade um lugar onde pudesse ficar. A viagem tinha sido comprida e estava extenuada. Farta de tanto procurar acabou por parar num bar em frente ao mar. Pediu um sumo fresco e uma sandes.
O bar estava semi-vazio apesar de ser época alta. Além dos empregados de mesa e de balcão estavam dois ou três clientes. Uma música discreta enchia o ar. Ficou a olhar através dos vidros quem passava. Deixou os pensamentos vaguear. Talvez tivesse até adormecido por instantes.
Á sua frente estava já o sumo, a sandes e alguém que não conhecia. Assustou-se. Há quanto tempo estaria ali? E porquê?
O homem que se sentara na sua mesa sentiu-lhe o medo e tranquilizou-a. Desculpa, vi-te sozinha e pensei que precisasses de ajuda. Quando te olhei melhor, reconheci-te. Não te lembras de mim?
Olhou-o com mais atenção. Sim, agora via quem era. Estava longe de o suspeitar ali. Vira-o pela última vez já há alguns anos. A pouco e pouco foram deixando de se falar. Perderam-se um do outro. Lembrava-se que ele partira para o estrangeiro á procura dum destino melhor. Desatara todos os laços para não ter de voltar e poder andar quanto tivesse de andar.
As lágrimas correram-lhe pelo rosto. Tentou disfarçá-las. Ele sorriu. Apagou-lhas com o toque suave dos dedos.
Continuas na mesma, tão real e autêntica como sempre foste. E tanto medo tive disso!
Falaram ainda durante algum tempo. Pagou a conta.
O empregado de mesa viu-os sair de mãos dadas.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário