Os teus olhos estavam tristes, apagados.
Fui-lhes testemunha. Queria não o ter sido por tão inútil ser tal olhar.
E tu vagueavas pela casa sem rumo.
O prazer de estar e partilhar o teu espaço com os amigos de sempre já há muito não transparecia no teu rosto, agora opaco.
Mãos nos bolsos, ombros descaídos, ausente por fora e por dentro, habitavas sítios que eu não suspeitava.
Já não cabia no teu mundo. Desiludi-te pela primeira vez e vi bem o que te fiz. O orgulho e a vaidade que tinhas em mim, feriu-se. Tiveste vergonha de mostrar a ferida que te abri quando gostavas mesmo era de mostrar a “tua menina”. Com a ternura dum pai que não tive doutra forma.
Senti que nessa tristeza bailava o desapontamento. Que ela nascia de mim.
Não te pedi desculpa, então. Nem nunca mais.
Partiste cedo demais. Levou-te talvez a tristeza.
É certo que voltaste. Sonhei-te durante muito tempo.
Sempre meu amigo.
Era como se voltasses para mim e só para mim.
Sem tristeza nem saudade.
Guardei-te aí. Com a nitidez que o tempo não consegue apagar quando se ama assim.
Acompanhas-me agora. Como sempre o fizeste.
E é em ti que penso nos passos que dou.
Quero continuar a ser a tua menina e não te desiludir nunca mais.
Lá onde estás, podes falar-lhes de mim. Como eu falo de ti.
Com o coração!
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