Assim

Foi esperá-lo. Ainda com muito tempo.
Ficou ali a ver quem passava apressado de malas na mão. A ver quem partia e quem chegava.

Já tinham pensado encontrar-se mais cedo. Afinal há dois anos que falavam, riam e choravam aos ouvidos um do outro.
Longas horas de vozes trocadas interrompidas por breves momentos e as conversas pulavam noite dentro. Até perder a hora.

Não foi preciso procurar muito. No meio de quem ia e vinha ele lá estava a caminhar na sua direcção. Como se não fosse a primeira vez.
O abraço prometido foi testemunhado por quem passava. E caminharam lado a lado como se sempre o tivessem feito. Sorriam cúmplices nos olhares que trocavam.
As vozes e as palavras tomavam corpo. Sem surpresas ou espantos. As conversas retomavam o espaço que agora se enchia doutras coisas.
Os olhos falavam no silêncio das pausas e os gestos bailavam na sinfonia das palavras.

Iriam estar juntos mais vezes foi o que prometeram quando ele se foi embora.
Sempre que a vontade de estar assim se fizesse sentir.

Estiveram por muitas vezes. Até que um dia a saudade das conversas sem rosto foi mais forte.

Nunca mais se viram. Nunca mais falaram.

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