Era bem verdade que já sabia como as coisas aconteciam.
Sabia como começavam: de mansinho.
A princípio deixava-as vir. Depois vinha-lhe o pesadelo.
Sabia também como acabavam.
Porque era verdade que apesar de as saber nada as impedia de se fazerem de novo.
Não sabia como o mudar.
Desfolhava as memórias á procura de apontamentos á margem que a ajudassem a não repetir o que lhe acontecera já.
E faltava-lhe o sossego da acalmia que partia no tardar das notas que procurava.
Arredava a esperança e negava-lhe o olhar. Tentava esvaziar de si as vontades.
Sentia que em seu lugar nada ficava. E doía-lhe o ar que corria em tanto espaço aberto. Secava-a.
Neste espaço árido subia-lhe a fome para que não tinha alimento.
Que fizera noutros tempos ao que reconhecia agora dentro de si?
Tardavam as notas…
E sem poder fazer para além do que já fazia, pedia ao tempo que a levasse para longe dali.
Sabia já que mais tarde tudo seria mais uma história onde falhariam as chamadas de atenção.
E outras se repetiriam.
Amaria sempre da mesma forma. E a entrega seria sempre completa.
Era o que era, fossem as notas o que fossem.
Porque procurava para trás e esquecia que as memórias de amanhã já estavam escritas também.
Não podia fugir de si.
Até que as páginas da memória fossem pó.
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