Encostámos ás boxes

De há tempos para cá andava a sentir um barulho e um cheiro esquisito. Ou era o carburador ou era outra coisa qualquer. Soube agora que era falta de água. Teve de encostar ás boxes.
Sempre se desleixou com os sinais. Desde que andasse e tivesse combustível... Andaria. Podia morrer-lhe nas mãos, mas seguiria no que tinha de fazer. E tinha sempre muito.
Juntos iam a todo o lado Riam, cantavam e choravam juntos também.
Não aguentou, como eu, a última viagem.
Deixou que avançasses nas minhas viagens até me deixar seca e dizerem-me um dia que tinha de parar e ser reparada. Não voltaria a casa.
Ele voltou. Com ele vieram ver-me duas vezes. Depois, assim como eu, encostou ás boxes. Estamos os dois em recuperação.
Quando um de nós estiver melhor, o outro senti-lo-á e partiremos de novo em viagens a sonhar e a viver.
Deixaremos de estar encostados e de olhar com olhos de quem só vê tristezas e riremos com a alegria de antes. Com sinceridade.
Voltaremos á vida. A outra. Um novo ciclo.

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