Testemunho

Quando as palavras não dizem tudo, mais vale calá-las. Deixemos o silêncio falar por elas.

Dancem, macacos, dancem

Fozela

Barco abandonado na Barrinha
(Mira- Praia)

Alfazema

Em saquinhos nas gavetas, onde guardo tantas coisas.
e o cheiro a penetrar, a fazer parte inteira de tudo.
Um cheiro a campo, a frescura. Cheiro a tempo presente.
Presente nas memórias dos cheiros que conservo e mantenho.
Presente nos passos miúdos que ainda ouço, na brancura dos cabelos que penteei.
Na voz que desenhava histórias a meus olhos.
Tão pequena e tão grande na presença que me faz crescer ternura.

Nas gavetas onde guardo todas as coisas.

Campo

Campo em verde e amarelo
Verdes, são os campos, na minha canção. E assim são os olhos do meu coração.
Amarela a luz, que os ilumina. Para sempre sóis, e nunca neblina.

Viagens

Viagens...
são tantas as que faço,
dentro e fora de mim.

Restam pedaços incompletos
repletos de memórias sem fim.

Mais alto.

Sta Luzia
(Viana do Castelo)

Ver mais alto, de mais alto e mais além...

Luz que guia

Farol na Serra da Boa Viagem
(Figueira da Foz)
Farol, s. m. Torre ou qualquer construção elevada ao so pé do mar, em cuja parte mais alta se instala um foco luminoso ou facho, para que o vejam de longe os navegantes e lhes indique a passagem, a entrada do porto ou os rochedos,escolhos, etc., da costa que devem evitar.

Intrincado...

Intrincado,adj.O m.q.intricado (adj. e p.p.de intricar. Que se intricou; embaraçado, emaranhado)

Feiras

Feiras. Bulicio. Cacarejos.
E...
muita cor.
E...
muita vida também.

Devagar...lembrar

"O grau de lentidão é directamente proporcional à intensidade da memória; o grau de velocidade é directamente proporcional à intensidade do esquecimento"
A Lentidão - Milan Kundera


Parar

um convite ao descanso
(Praia de Tocha)

Parar.
Parar para reviver e repensar.
Clarificar e fortalecer a nossa própria identidade.
Saber quem somos e donde viemos, ajuda-nos a destrinçar do outro, permitindo que vivamos juntos sem nos perdermos e sem que os outros se percam.
Não há atropelos.
As fronteiras estão definidas.
A consciência e a importância desse conhecimento, integra-nos sem segregar.
Somos o que somos, com tudo o que isso implique.
Até porque, o conhecimento nos permite a audácia de vivermos e sermos nós próprios. Em cada dia, a cada momento, com as certezas do que fomos e podemos ser.

Afinal, como diz Agostinho da Silva, o que nos define perfeitamente é tudo aquilo que nos separa.

No Parque

O antigo Coreto foi substituido pela moderna "pala".

Um dia...agora.

Castelo
(Montemor-o Velho)

Fragmentos de espaços, onde um dia, a História se fez.

I'm yours


I'm yours-Jason Mraz
Well you done done me and you bet i felt i
I tried to be chill but you're so hot that i melted
I fell right through the cracks
And i'm trying to get back
Before the cool done run out
I'll be giving it my bestest
Nothin's going to stop me but devine intervention
I reckon its again my turn to win some or learn some
I won't hesitate no more
No more it cannot wait, i'm yours
Well open up your mind and see like me
Open up your plans and damn you're free

Look into your heart and you'll find love love love
Listen to the music of the moment maybe sing with me
Ah la peaceful melody
Its your godforsaken right to be loved love loved love love
So i won't hesitate no more
No more it cannot wait i'm sure
Theres no need to complicate
Our time is short
This is our fate, i'm yours
I been spending way too long checking my tongue in the mirror
And bendin over backwards just to try to see it clearer
My breath fogged up the glass
So i drew a new face and laughed
I guess what i'm sayin is there ain't no better reason
To rid yourself of vanity and just go with the seasons

Its what we aim to do
Our name is our virtue
I won't hesitate no more
No more it cannot wait i'm sure
Theres no need to complicate
Our time is short
It cannot wait, i'm yours

Reflexo

Água,espelho,empatia,
sentir o que outros sentem, em perfeita harmonia

Cores

Cores, mil,
folhas,
pedaços da
terra que amo,
tão simples,
assim.

Pontes

De que me servem as pontes,se não as cruzo?
As paisagens, se não as disfruto?
A vida, se não a vivo?
É preciso cruzar as pontes, olhar á nossa volta, viver, para que sejamos histórias em nós e nos outros.

E se o amanhã não se cumprir...

Barrinha
(Praia de Mira)
Porque, hoje pode ser o ultimo...
A urgência faz-se.
O riso, o gesto e o olhar nasce na ansia da entrega.
Dizer o que é preciso dizer.
Dizer que te amo e me fazes bem,
esquecer o que lembrar não importa,
levar o que faz falta na bagagem
na viagem que ainda posso fazer.
Como se amanhã não fosse nunca



No sótão

Mansardas
(Viana do Castelo)
Arrumam-se, esquecem-se, guardam-se sem datas nem prazos... põem-se de lado à espera de ninguém e de coisa nenhuma as coisas duma vida. São pedaços sem nomes, são restos sem valor, sem uso, que ocuparam espaços úteis.
Livros que um dia alguém leu. Discos girados vezes sem conta. Recortes de actores/ídolos da moda.
Desenhos...cartas de amor. Quem sabe?
A primeira fotografia. O vestido de baptizado. O de casamento.
Um convite. Um alfinete de pechisbeque.
Vestígios dum ramo. Dum namorado?
E pó. E teias de aranha. E pó e caixotes e fitas.
E fragmentos de vidas.
No sótão.
No sótão das nossas memórias. Para um dia nos perdermos, encontrando-nos. De novo. Resgatados.
Com um brilho nos olhos, um rubor na face, o coração a palpitar, a ânsia nos gestos das mãos, o corpo em espera... e uma lágrima que não se contém. Completos ou quase. E tanto por descobrir...
As horas que passam numa dimensão incalculável...
E a nossa História a construir-se. A entender-se e a estender-se por nós.
Rodeados de coisas nunca vistas e tão familiares. Tão nossas.
Como as pedras que povoam a Terra onde nascemos. Como o ventre da nossa Mãe.
Maria foge para o sótão sempre que pode. Já ninguém lhe estranha as ausências. Sabem-na perdida num mundo que a embala e conforta. Perdida nas pilhas de coisas que aí se amontoam, põe o velho gramofone a tocar. Os discos usados de porcelana giram na velocidade doutras eras e as vozes de cantores que já ninguém lembra, animam o sótão da Maria.
Agora, Maria, parte em viagem. Pelo velho Oeste Americano de que falam as bandas desenhadas doutros ocupantes do sótão, ou pelas novelas gastas pelos olhos febris de quem sonhava outros amores.
Já tem nos pés os sapatos de salto alto, fininho, preto com lantejoulas. Bicudos. Corajosos. Vividos nalguma festa. Ou sofridos, sabe-se lá!
À Maria, os sapatos novos mordem sempre. Os pés não apreciam novidades. Pele nova é dura e, quase sempre arranca pele. São bem melhores, estes que calça. E sabem mais. Coisas, que se pudessem contar, levavam a Maria , o resto do tempo que lhe resta.
E a Maria tem tanto que aprender, que se arrepia. De quantas vidas vou precisar para saber quanto quero!?
Apressa-se a compor o velho vestido acetinado. Está sempre a mexer, a deslizar. Como as coisas que passam por Maria que mal tem tempo de olhar. E depois haverá tempo para parar o tempo? Saberá o tempo contar o que deixou escapar?
O velho broche, talvez da avó, ajusta o vestido. Prende-o. Obriga-o a ficar mais manso. Em sossego. Calma!
Ajeita o cabelo. Á falta de comprimento sobram-lhe as mangas duma camisola fina, com borboto, que prendeu na cabeça. Desde que Maria cortou o cabelo com a tesoura grande de cortar feltro, não voltou a haver cabelo comprido naquela cabecinha. E agora bem falta faz! Pode-se lá viajar disfarçada de Maria-rapaz! Uma donzela merece sempre mais respeito. E os vilões das histórias não chegam aos heróis que ganham sempre. A donzela.
Agora sim. Agora, Maria, está mesmo a viajar. E como ela gosta de o fazer!

Prima Vera

Janela
(V. N. Outil)

A Vera espreita,
espera,

Atenta á janela.
Quer vê-la,
senti-la.

A prima que chega
á Vera que sonha.

Outros poisos

Jardim da cidade
Figueira da Foz

O meu olhar

Umas vezes perdido na imensidão outras em qualquer pormenor
(Viana do Castelo- Senhora dos Remédios)

A minha serra


A minha Figueira

...de mansinho, devagar com a calma e a luz que os dias lhe dão. Olha o mar, agarrada ao rio e protegida pela serra.

De porta aberta

Porque sim.
Para que o sol entre e se acomode por aqui.
E a vista se espraie sem limites.
Para que entres sem bater.
Sempre aberta, às vezes encostada... basta empurrar devagarinho.

Uma carta

Não é realmente a melhor maneira de falar.È sobretudo...a forma mais fácil de ignorar o outro. Pode-se abrir. Rasgar. Ler ou talvez não.
E depois nem exige, só por si, resposta.
Os olhares evitam-se e as expressões não teem de ter sentido.
Uma carta é sempre surda e cega. Só não é muda.
Fala, mas sózinha. Uma fala sem corpo.
E a intenção perde-se na leitura, se houver.
Assim e apesar de tudo, escrevo.
Passar ao papel, sonhos, ambições, dores, é de certa forma um acto de prazer.

Fonte

(foto de telemovel)