De novo

De novo regressada ao limbo.
De novo suspensa entre tudo e nada.

Mesmo que lá fora se agitem vontades. Mesmo assim, deixa-se ficar como se nada a atingisse fosse onde fosse.

É um estar sem estar acomodada a espaços exíguos e nem a claustrofobia a afasta de tais sítios.

Invertebrada acomoda-se em desejos sem cor ou feitio. Desfaz-se a pouco e pouco.
É uma lembrança de si mesma.
Nem sombra é porque habita espaços sem luz.

Que...

Que estava cansada e as palavras já não lhe saíam como antes. Sentia-as em reboliço constante e não a deixavam formar frases com sentido ou sentidas.
Quase como se não soubesse mais o ofício da língua que aprendera.
E as palavras se perdessem em trajectos que não sabia já de cor.

De vez em quando deixava que a abandonassem na esperança de que, em liberdade fossem como outrora. Sementes a aflorarem chãos desconhecidos, sedentas de água e luz.
E perdia-as de vista numa neblina que não anunciava regressos.

Sentia-lhes a falta. Esperava. Talvez não fosse em vão, a espera.

Smile


Barbra Streisand e Tony Benett

Smile though your heart is aching
Smile even though it's breaking
When there are clouds in the sky,
you'll get by
If you smile through your fear and sorrow
Smile and maybe tomorrow
You'll see the sun come shining through for you
Light up your face with gladness
Hide every trace of sadness
Although a tear may be ever so near
That's the time you must keep on trying
Smile, what's the use of crying?
You'll find that life is still worthwhile
If you just smile
That's the time you must keep on trying
Smile, what's the use of crying?
You'll find that life is still worthwhile
If you just smile

letra de John Turner and Geoffrey Parsons e música de Charlie Chaplin

Fechar os olhos

“Ás vezes é preciso fechar os olhos para conseguir ver mais longe.” Disse-lhe.
Pousou-lhe as mãos nos ombros e fê-lo sentar.
“É que os olhos perdem-se nao emaranhado das coisas e escapa-se-lhes á de vista o que realmente conta.”

Deixou cair o olhar abandonado num corpo sem força.

Suavemente fê-lo repousar a cabeça no seu ventre.
Embalou-o em silêncio.