Em descompasso

Quando os pensamentos andam em desalinho com as palavras e fazem viagens em que quase não se encontram, a boca tarda em dizer o que o coração já disse.
E depois… tudo já passou e o tempo que resta não é tempo de coisa nenhuma porque deixou de o ser num vácuo de velocidades às avessas.
Como se em câmara lenta as palavras deslizassem num pensamento que há muito violou todos os recordes de velocidade.
Um atraso e um desacerto que não tem conta instalam-se.
As contas da vida amontoam-se num sítio perdido, labiríntico.

Não há matemático que conheça tal ciência. Que a desbrave e controle.
No espaço selvagem de tanta coisa que se enrosca na ilusão dum dia ser posta a descoberto há batalhas surdas e miméticas.


Batalhas ilusórias e sem sentido.
Batalhas dum tempo perdido.


As memórias vão-se, instalando-se num qualquer lugar perdido.


Fica a sensação de que se viveu o que não se tem nem nunca se teve.
Não há silêncios, ou pausas que arrumem os descompassos quando estes são assim!



São arritmias no coração da vida. Ás vezes fatais

2 comentários:

  1. Ah...De novo a pergunta: Uma recordação é algo que se tem ou algo que se perdeu?
    Beijo. P.

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  2. Lindissima foto, perfeita metáfora da existência.
    P.

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