Não sabia

Não sabia até que ponto sentir-lhe a falta lhe podia fazer ver quanto o amava.

Preferia sentir-se livre de tais amarras, sempre.

Sentir-se capaz de amar sem sentir desejos de ter sempre consigo a presença.
Saber viver das imagens, dos sons, dos cheiros que as memórias tão bem sabiam preservar e lhe ofereciam de mão beijada sempre que precisava delas.
Toda a sua vida se enchia assim simplesmente, inspirando e expirando sem que nunca faltasse alimento.
Não lhe sentia a fome.

E agora, ao sorver-lhe as memórias deu-se conta de quão pouco tinha. Dum vício a crescer e de como quando de vez em quando lhe apetecia uma colherada a mais e não a tinha.

Sim. Amava-o. Demais.

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