Dizer adeus

Vão-se os dias, meses, anos. Corre o tempo sem pudor.
Vão-se os amigos, os amores, os amantes. Fica o espaço e o desconforto dos vazios com cheiros e restos de gente.
No ar as poeiras da memória teimam em pousar em olhos incautos que deixam escorrer lágrimas fortuitas. De conforto ou despedida.

Algumas vezes uma demência surda e cega invade os espaços que um dia foram a história duma vida que então se esvai... Em vez das saudades na caixinha das memórias há um acordar novo todos os dias para um mundo que não se conhece e não se entende.
Os rostos e os nomes não fazem sentido. Os lugares são lugares apenas.

E a dor, a saudade, fica nos que têm muitos dias, meses, anos ainda pela frente.
Saudade do abraço, do aconchego de quem lhes deu vida e amparo.
Dum olhar, dum sorriso, dum só vislumbre de lucidez, para ao menos dizer adeus.

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