Presa

 
Posted by Picasa


Um espaço branco dum opaco surdo como se dum muro se tratasse estende-se na frente dela.
De olhos fechados, tacteia-o com as mãos e depois esticando os braços aventura-se perdendo-se de vista.
Encosta-lhe a face, os ouvidos, pressente-lhe os sons.
Fica-se na música do devir que vem a sonhar e lhe emprenhava os sentidos.
Espera.
Nada acontece.
A semente que transporta dentro de si não dá sinal de vida. Árida seca, acanhada.
Escondida a um canto longe dos espasmos dalguma fecundação.
Como se não pudesse nunca mais criar e nada mais pudesse fazer por si só e só seu.
Presa num vazio que anseia por ser palavra e vida.

Para quando o alívio da libertação?
Voar de novo nas asas das palavras feitas verso, feitas cor, feitas magia…

Nas fendas abertas do seu deserto desenhar-se-ão as linhas da pauta onde a música que só ela conhece vai ser escrita. Dentro de si pulsará uma dança ritmada. Nessa altura tudo acontecerá

Sem comentários:

Enviar um comentário