E, se fosse…
E, se fosse eu noutro qualquer, quem seria eu, afinal?
E, em quem te reconheceria?
E, se fosse outra boca, não a tua, que eu beijasse, como sentiria eu?
O arrepio, a alegria, certeza de ser sintonia e onda do mesmo mar…
Onde andariam a navegar?
Se abrisse os olhos e não te visse, saberia que te procurava?
E, se fosse a Lua ali pendurada e mil estrelas a brilhar, em vez do Sol que sinto?
Era a noite e não o dia a acontecer. Mais um a madrugar e não a adormecer.
Teriam, as noites, esta Lua vigilante? Os dias, este Sol em que banho as tuas carícias?
E, se fosse…
Às vezes, sabes? Às vezes tenho medo de acordar e defrontar-me com tudo ás avessas.
Com o oposto das coisas. Ficar no escuro e saber as luzes acesas.
E, não saber ligar o interruptor, nem mesmo encontrá-lo.
E, se fosse tudo diferente…
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E,
ResponderEliminarse um dia fosse, depois de uma noite
(muito breve porque estava no jardim),
quente como a ideia de primavera,
réstea de uma memória de infância,
e nada mais restasse da véspera
a não ser a incerteza de ter estado contigo.
Mas depois lembrei-me:
pequenos lapsos luminosos
numa dança ritual esfumando-se
devagar, numa espiral ascendente.
Nós olhavamos, olhavamo-nos,
e todo o calor imaginado…
Ali estava,
na calma intranquilidade
dos múltiplos murmúrios da areia.
Não, areia não era, mas o fluxo dos desejos.