Conhecia-se a escrever, sempre o fizera, saía-lhe de dentro como a voz naturalmente. Umas vezes devagar ou em surdina, outras em catadupa ou doutra forma qualquer. Não as continha. Deixava-as livres como o pensamento o era dentro de si. Mergulhava-as no papel enroladas nas letras que aprendera a juntar e fazia-as sinfonia.
Eram palavras sem tempo.
Ás vezes de futuro. Dizia-me ás vezes com os olhos abertos de espanto que “futurava”. Porque o sentia e quase tinha medo de adivinhar tempos para vir.
E quando ás vezes pisava de novo as pegadas que um dia escrevera num “dejá vu” vivo e real, perguntava-se até que ponto saberia de si no tempo que estava a crescer.
E ás vezes trocava-lhe as voltas. Escondia-se, baixava a cabeça, fechava os olhos com medo de olhar e deixava-se ficar a ver com os olhos do coração. Só. Guiada pela emoção faria um percurso diferente…
E mesmo assim via-se sempre uma vez mais num sítio onde já tinha estado com quem já tinha falado e a viver o que tinha vivido.
Deixava então de escrever e fechava as portas ao pensamento. Deixava o cansaço abater-se sobre si e enterrava-se em sonos profundos de que não recordava os sonhos.
Procurava-lhe os sorrisos que já não lhe iluminavam o rosto que então era baço e sem vida como se não houvesse propósito em nada. O corpo mantinha-se direito á custa de grande esforço. Tudo lhe parecia pesar e o andar reflectia essa dificuldade.
Porque tinha medo de “futurar”.
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Como sempre, é agradável ler-te.
ResponderEliminarAproveito e deixo-te um amigo.
Acho que vais gostar.
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Na Ilha De Bruma
Bj