Agora e não será cedo. Para que não seja tarde.

Talvez te deva falar agora do que sinto por ti.

É o momento certo, pressinto-o. Sei também que em ti já tarda o que te vou dizer.
Procuro as palavras e sinto-as esconderem-se. Tímidas, envergonhadas. Hesitam em fazer-se voz. Como se ao fazê-lo se extinguissem e perdessem a alma que as fez nascer.

Olho-te então. E é no olhar que te deixo que elas se entregam.
Não te enganas, não. É mesmo isso que te quero dizer. Aquilo que sentes.
Não poderia dizê-lo nunca tão bem como o faço agora.
Sei que me lês. No olhar que me devolves.

Deixa o silêncio deitar-se. Sem palavras que possam perturbá-lo.
Embalá-lo-emos ao ritmo dos nossos corações. Só.
E tudo será dito claramente. Sem atropelos.

É neste encontro de olhares reflectidos que nos entendemos.
E é quanto basta.

E quando duvidares… regressa aqui, onde te veja.

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