Blues

Outra vez. Tudo recomeçava. Por mais que tentasse tecer novas teias o rendilhado repetia-se como se nada de novo houvesse a fazer.

Nunca acreditara no destino. Ou no que lhe diziam as linhas da palma da mão.
Preferia movê-las ao encontro do outro na carícia feita abraço.
Fazer, com elas, da promessa coisa feita.

Era o milagre do querer e da vontade que a movia. Essa fé a que se entregava.

E perdia-se num ciclo onde tudo parecia não ter fim.
Não fosse a fé…

Recomeçaria até não ter de o fazer. Nunca mais.
E num crochet renovado seria mais e melhor.

Até lá não se deixaria embalar pela batida dolente dos blues que lhe habitavam a alma. Beber-lhes-ia a cadência e alimentaria neles a esperança.

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