Se eu morrer amanhã, que me dirás hoje?

E se eu morrer hoje que me terias dito ontem? Perguntas-me de volta.
O que te digo agora e sempre. Gosto de ti. E gostarei até a memória de ti se apagar. Respondo pensando que te calo assim.
Quem gosta assim, dizes-me tu, não se apaga da memória de quem também assim gosta.
Tu sabes, sorrio, e eu também sei.

Mas, sabes, se fosse dono do futuro e soubesse que amanhã não estarias aqui faria tudo o que pudesse levar-te a sentires-te cheia de ti mesma, sem faltar a a ultima cusquice, o telefonema usual da família, a novidade do jornal das oito,a viagem do ultimo dia, tal como qualquer outro dia, com alguém por companhia.
Adormecerias vencida pelo cansaço… serena. Não saberias que o amanhã nunca aconteceria

Apetece-me beijar-te. Posso?
Abraça-me. Guarda-me. Revive-me, Arquiva-me no armazém das memórias para os tempos em que não estarei. Deixa-me fazer o mesmo contigo. Absorver-te.
Não digas nada.

Posso pedir-te um favor? Não te vás. Não ainda.
Porque tal como ontem, hoje não tenho o tempo necessário para te dizer quanto sinto… seria tanto!
E assim sendo, talvez, adiando sempre… jamais morras.
Em mim pelo menos.

E se insistires em partir, dir-te-ei simplesmente, até logo!

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