Ás vezes mando no tempo

Ás vezes mando no tempo!
Porque me é necessário. Empurro os amanhãs para ontem, com as rajadas fortes dum vendaval, agarradas a um querer de vontades forte.
Assim afasto as dores, tirando-lhes o tempo que me querem tirar!
Deixo-as presas num espaço, fechado com chaves que nunca mais vejo, porque perco.
Porque quero!
Então vivo em espaços intercalados. Porque quero viver. E não me posso deixar amargurar.
Porque a muralha que construo, em mim, diáriamente só pode estar de pé!
Sólida. consistente. Para abrigar e proteger quem amo.

É do sono que me sirvo. Dum sono que cai pesado em mim. E julgo, então, que é só mais um pesadelo. Que acordarei noutro dia e tudo será passado.
Que posso respirar de novo tranquila. E que as dores que senti no peito, foram culpa dum braço mal posto, enquanto dormia!

Mas quando mando nele, no tempo, também o sei agarrar. E fazer dele eterno!
Prolongá-lo para além do possível. Fazendo das coisas razão para continuar aqui.
Com a força e a energia que são necessárias.
Neste tempo que me foi destinado. E aos que comigo o vivem. Numa partilha, afinal, de tempos inteiros!



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