A distância, enorme, que os separava não se sentia. Nunca!
De tão próximo se sentirem.
Cresciam as histórias, desvendavam-se os segredos. Riram, choraram a par. Por muito tempo!
Com a intensidade das coisas que crescem sem paredes e sem rumos.
Um dia adoeceu, deixou de aparecer. Uma mensagem, um telefonema distante, era o que restava das conversas que já lhes faziam falta.
Quando voltou não era mais o mesmo. Carregava consigo uma sentença de morte.
Um cancro do pulmão.
Lembra-se de ele lhe dizer entre lágrimas o quanto se arrependia por um dia há, muito tempo, ter desejado a morte. Quando agora a vida lhe era tão necessária. E por tanto querer viver ainda. Porque agora as razões eram muitas e só podia ser assim.
Não soube o que lhe fazer nem o que dizer. Mas a dor que sentiu foi imensa...
Sentiu que devia fazer qualquer coisa. Que era imperativo!
A impossibilidade de o fazer doeu-me ainda mais. Maldisse a distância. E o saber que o seu abraço não o tocaria.
Arrependeu-se das coisas que não lhe deu. Do amor que ele lhe tinha pedido. E sentiu-se impotente. Pequenina. Como nunca e quando não podia.
Hoje pediu para falar com ela. Em despedida.
Não soube fazê-lo. Ainda não.
Disse-lhe coisas banais. Distanciou-se. Estúpidamente.
Perdeu-se num labirinto de emoções que não sabia nem queria enfrentar.
Sentiu que o abandonou ainda antes dele ter partido. E sentiu raiva dela.
Sentiu a necessidade urgente de ser grande. E para os outros maior.
E para ele muito mais!
Mas nada aconteceu!
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