Se fosse chão...

Seria de areia se um dia fosse chão.
Areia em leito de rio, de águas leves e transparentes. Areia de mil cores, em mil pedaços , fina e sedosa. Para acolher teu corpo, meu amor, e deixá-lo em mim repousar. Num colo doce e terno, moldado por ti.
Olharíamos juntos as estrelas e brincaríamos com os fios de luz com que o sol nos enfeitasse ao acordar.

Quando te fosses, se fosses, a água e a brisa ondulante, devolveriam-me a forma que sempre tive, ajeitando-me em suaves carícias.
Os teus segredos, esses, permaneceriam secretos, envoltos de mim.
Se por ti chorasse, meu amor, seria fonte de um rio que nunca morreria de ti. Por mim. Porque em mim se renascia.
Saberia de ti pelos reflexos em mim plantados e pelos ecos do vento viajante em visitas ansiadas. E só queria saber-te bem!

Houve horas em que sonhei ser pedra, lage grande em clareira de pinhal. E um rio a cantar-me melodias de toda a vida.
Seria cenário e testemunha. Só! De ti, alpinista aventureiro, em mim.
Nesse tempo, não queria sentir. Seria dura, fria e sem fim...

Agora sei que o que o trago e levo de ti é o que sinto, dentro de mim.
Por isso, se fosse chão, seria de areia!

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