Naquele Verão

Naquele Verão não saiu de casa.
O mar não a chamou e o calor não se fez sentir como nos últimos anos. Corria uma aragem diferente quase fria. Precisava do aconchego da casa e deixava-se ficar aninhada sem precisar doutro qualquer pretexto.

Hibernava fora de prazo. De mangas arregaçadas mas de braços caídos porque lhe faltavam as forças. No fundo hibernar era isso mesmo. Deixar-se estar. Á procura duma energia latente num espaço invisível mas presente. Para ser maior num tempo que estava para vir. Maior e mais forte.

Haveria outros Verões. O mar continuaria lá. O calor voltaria.

Mesmo que ela não estivesse, ficavam as pegadas que nenhum vento conseguia soprar apesar de ténues. Porque quando hibernava era mais ela e despenhava-se em ecos de si num mundo que florescia mesmo em Invernos desconcertados

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