Almas gémeas

Há pessoas com quem tudo é fácil.
Pessoas que nos parecem estar predestinadas.
Com quem tudo flui duma forma espontânea e natural como se viesse escrito desde os primórdios dos tempos.
Gravado em mensagem de língua desconhecida e ancestral, quiçá divina.
São como ecos de nós que sem nos repetirem, entendem e prolongam para lá de nós o que somos.
Fazendo-nos maiores e mais esclarecidos. Alimentam o espírito levando e trazendo sustento de forma graciosa e em eterno retorno.
Essas são raras. Aparecem na nossa vida em ciclos que não se anunciam.

Muitas vezes, cansados da monotonia das gentes que se cruzam nos nossos percursos baixamos os braços e deixamos que os olhos se cerrem. Que os ouvidos e todos os sentidos fiquem anestesiados e nos achemos a vaguear como autómatos.
Cumpridores do duro ofício da vida e nada mais.

Até que um despertar aconteça. Ou um qualquer vibrar, uma qualquer sintonia, um toque, uma simples troca de olhares faça tudo renascer.
As palavras trocadas, continuadas, os mesmos sonhos, a mesma voz. A força que faltava, a luz que era precisa acender… A estrada partilhada.

Almas gémeas... Talvez.

2 comentários:

  1. Adorei poder ver a evolução do texto. E adoro estradas partilhadas, sempre. E sim, adoro a ideia de alma gémea.

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