Confesso que...

Chegava a espantar-me das coisas sempre novas que as conversas de coisas tão simples como as nossas, sempre traziam.

Não, nunca me habituei a que isso acontecesse apesar de tão frequente.
Tinha sempre um sabor a descoberta, a coisa nunca vista ou acontecida.
A coisa rara.
Eram pérolas que guardávamos dentro de nós ou então apressadamente expúnhamos a ilustrar outras coisas que vinham a jeito.
Mostrávamos com vaidade um ao outro e sorriamos com a ternura bordada no olhar.

Era sempre assim.
Em tudo o que acontecia connosco.
Duma forma simples e sem antecipações.
Aprendia contigo a conhecer-me melhor e a perceber o que saia de mim. A dar nome ás coisas. Talvez te acontecesse também a ti.
Não queríamos mais que isso. Era tudo quanto era preciso.

E fora sempre assim. Nunca se soube porquê.
Talvez nem seja preciso saber-se.
As coisas ás vezes são só o que são. E talvez seja melhor deixá-las estar nesse lugar.

Se um dia isso não acontecesse mais talvez deixássemos morrer as conversas e ficassem só as memórias…

Mas não acredito que uma magia tão forte que fazia as palavras bailar á nossa frente construindo sorrisos onde havia lágrimas, alimentando esperança quando já não se acreditava, pudesse um dia morrer.

Por isso sei que me vou admirar ainda por muito tempo.
Pelo tempo de seres meu amigo.
Pelo tempo de partilhares as tuas palavras comigo.

5 comentários:

  1. É isso. As coisas são só o que são. O que nos vale é que amanhã é um novo dia e a vida uma permanente renovação para aqueles que não perderam a esperança. "Não chores sobre o leite derramado", diz a sabedoria popular. É preciso acreditar que, quando o Diabo fecha uma janela, Deus abre uma porta. Não tenhamos medo da liberdade que ela nos oferece: ninguém é de ninguém!
    Um aceno de simpatia de um
    Ariano.

    ResponderEliminar
  2. Hummm, aqui cheira-me a um pouco de desencanto...mas também vi motivos de muita felicidade!!!
    Adorei o que li, mas não fiquei sem palavras.
    Obrigada pela visita.
    Beijão grande

    ResponderEliminar
  3. Um caminho sempre a começar, um primeiro passo a perpétuar-se, o consolo de não ser preciso dizer ou perguntar tudo, onde o julgamento é grande demaiss para se esgueirar.
    Bonita construção esta, que faz de nós arquitectos sem dar por isso.
    P.

    ResponderEliminar
  4. De novo aqui, para que me desculpe a enxurrada de lugares-comuns que lhe deixei para comentar o seu post, o que ocorreu de uma forma simplista. Contudo, pela experiência sedimentada que encerram saltaram-me, uma preguiça assumida de mais elaborada procura. Ainda para lhe expressar, o que faltou, a minha satisfação pela leitura das suas divagações que correm e cantam como água cristalina por entre as margens da vida.
    Outro beijão
    Ariano

    ResponderEliminar
  5. Há palavras assim e há conversas que surgem quase do nada e se instalam naturalmente como se estivessem em sua casa há muito tempo...
    É bom ler-te!

    ResponderEliminar