Maria... do mar

- Posso dar-lhe um beijinho?
Agarra-me na mão que não largará até que nos separemos.
Os seus olhos azuis,da cor do mar que visita a caminho do cemitério já ali, fitam-me e continua:
-É daqui? Quem é a sua familia?
Sabe menina,se todas as mulheres fossem como eu, o mundo já teria acabado. Se não fosse duas meninas que me deram...

Sei que lhe fogem as raparigas e rapazes que ela vê. Não percebem que lhes anseia o toque e o sorriso. Sao os filhos que não teve.
- Velha maluca. Dizem eles.

Estão já apagados os olhos, que foram o céu, do homem que amou.

- Posso tirar-lhe uma fotografia? Digo em jeito de despedida.
Levanta-se e faz a pose.
Segreda-me depois ao ouvido uma quadra que não lembro. Parece encerrar grandes verdades. Fala de amor e abandono. Memória já de outros tempos.
Demora a despedida com constantes perguntas. Enfim, separadas já, vai comer.
-Vou à papa, diz ela

Eu fico na praia, porque também gosto de ver o mar.

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