Á espera...

Tudo lhe acontecia de forma inesperada. Nos momentos em que repousava tranquilamente e nada esperava.

Lembrava-se dos tempos em que perseguia e procurava ansiosa em cada gesto e olhar a resposta para os seus desejos. E de se atirar sem rede para situações de que saía magoada porque queria um “não sei quê”. Procurava uma qualquer resposta para um vazio que sentia e não queria.
Sentava-se no banco da vida de olhos perscrutadores em riste pescando tudo e todos na sua rede, preenchendo com nadas um nada cada vez maior e mais dorido.

Só quando se levantou e andou por si. Olhou em volta e viu o que nunca tinha visto. Se deixou maravilhar, chorar e rir, tudo começou a acontecer.
Ou pelo menos começou a percebê-lo. Tudo lhe vinha calmamente parar ao lado. Como nunca supusera. Os sonhos deixavam de o ser. Construía-os reais de formas que nunca imaginara. Dos dedos escorriam-lhe agora imagens e palavras que não eram já pesadelos. Um novo mundo acontecia.

Porque deixara de esperar.

1 comentário:

  1. A ansiedade não nos deixa ver para além do que desesperadamente esperamos de tal modo que nem sequer nos apercemos do que realmente temos ao nosso lado.

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