Ar(a)mada

Nunca seremos nos outros o que somos dentro de nós.

Mesmo que se esbraceje dentro da armadura que nos põe de pé.
Habitam-nos tumultos que se instalam sinuosamente em formas que não deviam ser.
Apertam, sufocam e quase explodem de querer ter nome. Um nome que não se conhece.
Que se altera e aninha, num canto qualquer, perdido do que somos.
Que demora e dói a crescer. E nunca tem o tamanho que deve.

Para quem nos visita, somos o que vê do lado de fora do que somos.
Nada mais. Somos o inverso e a crosta da ferida que nos arde a todo o momento.
Umas vezes, rosada e sadia. Outras, tão sem forma e purulenta ...
E somos sempre. Em todos os momentos, sem repouso e acalmia.
Mergulhados no desejo de serenar.
E sermos então o que queremos. Nos outros. Em nós. Da mesma forma.
Sem distorções.
Livres de sermos o que cresce em nós. Sem cuidar do que os outros vêm.
Sermos sem arames ou apertos. Como somos. Só!

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