Contrabando

Transportas, num qualquer fundo falso dentro de ti, tudo o que sentes de mim, de ti ,da vida, de nós, como se fosse contrabando.
Mudo, quieto, não corra o risco de denunciar-se.
E moves-te por aí, carregando sorrisos que choras, disfarçados pelas gotas de água que te escorrem pela cara que enfrentas em dias de chuva.
Escondes-te usando as sombras de outros.
Contornando esquinas, colado e vincado, fazendo-te igual.
Nos gestos, nas formas, nas cores. Nas palavras e nos silêncios.
Como se fosses apenas mais um. E nunca só o que és. O que tens e sentes.
Porque não te podes denunciar,ainda. E no entanto, adivinho-te.

Faço de conta que nada sei. Por agora.
Um dia mostrar-te-ás. O que houver a declarar será declarado. Ficarás mais leve.
Continuarei aqui. Ou onde for melhor. Para ambos.
Por agora, a estrada que seguimos é a mesma. Mesmo sabendo que todos os rumos são possíveis. Livre de todos os pesos, saberás o melhor caminho a tomar.

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