O Francisco e o Louva-a-Deus

Estava eu de cócoras, nas escadas da entrada do meu prédio, quando ouço o Francisco chegar.

O Francisco é um menino que vi crescer. Senti-o ainda na barriga da mãe. Tenho-o sentido em todo o seu percurso.
Esperto, vivo, sempre risonho e pronto para novas aventuras.
Dos filhos que o prédio viu nascer, ele é o que lhe dá mais vida. Ouvimos-lhe os risos ainda vem no elevador.
Sabemos-lhe das histórias pela boca dos avós que o adoram e ajudam a crescer. Apreciamos na mãe a coragem, a força e a alegria que lhe transmite.
Ele é o sorriso do prédio.

Curioso, baixa-se e pergunta-me o que estou a fazer.
Mostro-lhe um Louva-a-Deus, verde e esguio, que está parado sem saber para onde ir no meio da escada. Digo-lhe que estou a tentar ajudá-lo a sair de lá, antes que alguém o pise. Tento com mil cuidados que ele suba para o meu porta-moedas e assim devolvê-lo á natureza.
Levanta-se e a par com ele o pé pequeno que direcciona com impeto ao meu náufrago.
Grito a par com a mãe que assiste, assustada com a reacção do filho, Francisco!
Ficamos suspensas no acto que chega sem remédio.
Assenta o pé junto ao Louva-a Deus, com um forte impacto. Este assusta-se, dá um pulo, abre asas e voa para longe da escada.
Vês, era só preciso assustá-lo! Não sabes que ele tem asas e voa?
Respirámos de alívio e recuperámos a confiança no rapaz.
Já não é o bebé a que estávamos habituados. E no gesto apressado dele, estava a resposta simples para a salvação do Louva-a-Deus.

Acreditamos tão pouco na bondade inata das crianças!

Sem comentários:

Enviar um comentário