Ficaram sentados no paredão a olhar o mar.
Há muito que o sol se tinha deitado e dormia agora na luz prateada duma lua enorme que iluminava a superfície calma do mar.
Neles o sono não se fazia sentir. Despertos e atentos sorviam o lento marulhar.
Dentro de cada um, em uníssono, o bater dum coração ritmado mas inquieto.
Ela sentiu-lhe os dedos na sua mão. Estremeceu. Um arrepio correu-lhe o corpo. Fechou os olhos.
Guardou em si o momento sentindo o peito expandir-se.
“E depois? Que faremos nós do que temos?
Tenho medo…Do que virá.
Promete que não sairemos magoados, aconteça o que acontecer.”
Ela não lhe respondeu. Teve medo do medo dele.
Das respostas que aconteceriam mais tarde. Preferia calar as perguntas, amansá-las para que não perturbassem o que sentia.
Continuaram olhando o mar. Tinham receio de cruzar os olhos e se perderem.
Amanhã…Pesava muito. Não queria habitá-lo ainda.
Preferia pensar no que tinha agora, sorver cada momento como se não tivesse fim.
Agora desejava só que Amanhã fosse igual. Mesmo que o mar que agora visitava em acalmia fosse de tempestade nos dias que viessem. Queria olhá-lo e sentir-se assim da mesma forma.
Senti-lo ali mesmo que estivessem em sítios diferentes. Ali no seu peito.
Prometeu-lhe em surdina que não. A dor e a mágoa não.
Já lhe queria tanto. Como o podia fazer?
O medo encontrou poiso naquela noite. Dentro de cada um deles.
Medo dum fim do que mal tinha começado.
Pudessem eles afogar o medo nas ondas mansas daquele mar e fá-lo-iam. Mas sabiam já que o mar devolve o que lhe é dado. Num tempo qualquer. Sem aviso.
“Dia a dia”, prometeram, “vivamos dia a dia”.
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