Falava

Falava.
Deixava que as palavras que se estendiam á sua frente falassem de si.
Finalmente desamordaçava a torrente imensa de coisas de si silenciadas tempos sem fim.

Seguia o rasto que elas deixavam á procura das respostas que agora ansiava. Esperava-lhes o eco…

Sentia-se agora mais leve mas mais indefesa também. Mostrava-se.
Baixava a guarda e temia.

Que não encontrasse o caminho ou não tivesse forças para o seguir.

E no entanto falava.
As palavras soavam-lhe a coisa estranha.
Como se não saíssem de si ou há muito habitassem espaços desconhecidos.

Falou até esgotar o barulho que a habitava.
Deitou-se no silêncio que ficou. Descansou por fim.

Um dia, viria o que esperava. E traria consigo a cor das palavras que agora estendera.

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