Era á hora em que todos se deitavam e as luzes se começavam a apagar uma a uma em cada divisão da casa a par com os ruídos normais de quem acaba os dias que o vazio se instalava.
Vinha devagarinho com um ar manso e encostava-se aos lugares ainda quentes, com o cheiro das coisas de todos os dias.
Ela afundava-se na cama, debaixo do aconchego conhecido do edredon de penas, leve e suave, e deixava-se cair num quase abandono. Sentia-se planar, liberta da vida, sem pesos, sem memórias e sem tempos, num voo despido de partidas e chegadas. Num espaço que não existia senão aí. Onde nada e tudo tinha lugar. E tudo podia ou não acontecer.
Porque o vazio não é senão um campo lavrado em ânsia de sementeira.
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A imaginação é uma coisa incrível. E nunca é mais viva do que quando somos crianças. Tudo é aventura, o mais pequeno espaço, o mundo inteiro...
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