Nunca

Nunca, era uma palavra atitude que a perturbava.
Palavra final. Prisão. Inexpugnável.
Onde tudo acabava e nada mais acontecia para além do que se tinha garantido.
Como se Nunca fosse fosso e muralha. Ou o Dragão de fogo a guardar mundos por desbravar.
E tudo tivesse de ser sempre assim.

E ficava triste de a perder.

Porque todas as palavras têm um propósito. E vários sentidos.
E nós temos a força, a vontade e o saber para lhes darmos os que melhor nos traduzem.
Todas as palavras são úteis e necessárias. E precisamos delas para ir além de nós, viajar nos outros.

E descobriu-lhe outros sentidos.

O da força. O da perenidade. O da constância.
Era uma palavra de guerra. De quem vai por onde sabe. De quem conquista território a pulso. Com garra e alma. De quem não perde de vista os caminhos a seguir.
De quem Nunca desiste.

Nunca digas Nunca, ri-se da rasteira. Dos sentidos no sentido aqui exposto.
E apesar de tudo prefere, nem Sempre, nem Nunca.
Onde não há afirmações que o não são.
Porque o Povo, de há muito que sabe brincar com as palavras. E lhes sabe o lugar.

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