A minha infância.

Se a vejo ainda aqui, se a ouço, se a cheiro e sinto ainda assim tão presente, só pode pertencer-me agora sem nunca de mim se ter ausentado.
Escondida, sim, numa memória arrumada por não haver tempo no tempo da vida. Mas sempre comigo.

No riso leve, na lágrima fácil, no espanto, na descoberta de tanta coisa!

Nos medos também. Porque ainda não se calaram os medos. Abafados só, camuflados. Porque gente grande não tem medo. Não pode, não deve.

Medo de ficar sózinha, sem colo. De não voltar a ver o que se julga ter. De que nada aconteça como se sonha. Dos silêncios. Das coisas que não se sabem ler. Do que não se conhece ainda.
E no entanto navegar por outros mares sem saber marinhar.

Como quando ensaiava os primeiros passos e as primeiras palavras e o mundo se alargava. E eu com ele.

Inscrita na memória dos sentidos, procuro-a e sorvo-a. Reconheço nela a força que tenho. A raiz do meu querer. Sou o que a minha infância fez de mim.

2 comentários:

  1. Mas que menina prendada. Gostei bue do teu blog, do teu orgulho e da tua vaidade.
    Um dia destes vou encontrar-te numa sessao de autografos quando escreveres o teu primeiro livro.
    Continua e vai em frente!
    Beijinhos da chata da tua colega da sala Triche!

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  2. se eu tivesse uma pequenina amostra da tua pujança, dessa energia com que te enrolas nos mundos... eu seria menos preguiçoso...lol
    bolas como eu te admiro..:)))))

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