Pés nos pés

Pés nos pés e uma música no ar.
Momentos a dois em sincronia. Mais uma vez e outra e outra num rodopio que a põe tonta mas não quer parar.
Dos braços ainda pequenos, um abraço, enorme, enlaça as pernas do homem pai que a protege e guia.

Quando for grande caso contigo. Estaremos sempre os dois juntos. Só tu e eu. Pensa Maria.

E cresce assim, nos sonhos que dançam também com eles. A par com o homem que a transporta nos pés.
Vêm á baila as viagens, nas cantigas que entoa em voz tremida por culpa dos paralelos das estradas, em que são companheiros.
E os sorrisos. Cúmplices. Sente-se já mulher.

Surpreende-o no sofá, deixa tudo e atira-se para o colo. Ninho e aconchego. Casa!
Um dia a música pára. O sofá está vazio.
Maria perdeu o homem pai.
E não entende porquê. Culpam-na da ausência.
Cansara o homem a quem amava de tanto lhe querer.
Com ele o primeiro amor criança vai também. Em troca recebe a culpa que se aninha e instala para não mais sair.
Nunca mais amará como e quanto quer. Com medo de perder!

1 comentário:

  1. Por mais palavras que possa dizer nunca serão suficientes para exprimir o teu talento portanto fico-me pelo típico: gostei muito!
    Li alguns dos teus textos e são todos magnificos. Estás, de facto, de parabéns! E tenho mesmo que te dizer para continuares...!
    beijo!

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