Distância

Tudo ia acontecer com a mesma simplicidade.
Da mesma forma como tinha surgido. Sem que nada o pudesse prever ou impedir. Naturalmente.
Sem avisos. Sem esperas. Sem sonhos. Sem promessas. Acontecendo.
Crescendo como as coisas fazem sem saber. Sem perceber.
Como só se vê quando nos afastamos e regressamos mais tarde.
Aí espantamo-nos. Vimos a diferença. Porque saímos de nós. Nos descentramos.

Fugiam na corrida em que se lançavam um para o outro. Fugiam do que não podiam viver. Tinham consciência plena, viva. Sabiam de si e dos outros. Por isso fugiam. Por isso se atraiam.

Chegaram quase ao mesmo tempo, numa incrivel sintonia. Ele viu-a primeiro.
Ela esperou-o. Viu-o chegar. Olhou-o. Trouxe-o a pouco e pouco das suas memórias sensoriais para aquele momento. Identificou-o. Era assim que o imaginava. Era assim que o tinha construído.
Ele parou á sua frente, olhou-a, sorriu-lhe e parou aí. Á procura do que fazer e dizer.

E assim foi. Todo o tempo. Porque fugiam.
E teriam de o fazer sempre. Criar uma distância que nenhum pudesse transpor. Nem que quisesse.
Para que nunca houvesse dores maiores!

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