
Como se fosse ela própria. Porque se continuava para além de si sem interrupções. Duma forma contínua, num fluir sem esperas. Como num reflexo de si em suaves variações.
Encontrava-se nele a cada instante num espanto que há muito procurava. Tinha tudo sem pedir. Naturalmente. Como se tivesse de ser assim. Sempre e só assim.
E no entanto, fugia dele. Pelo medo de não ser capaz, de não o merecer. Pela responsabilidade que tinha agora. De ser para ele como ele era para ela. Sempre.
E porque nela habitava outro. Ainda. Não sabia por quanto tempo. Nem por que razões.
Não podia ser inteira. E queria sê-lo! Como ele o merecia.
Não podia acreditar no que lhe ouvia. Queria-lhe tanto! Como podia ela dizer-lhe para continuar em frente, para a esquecer? Quem era o homem que sem a amar lha tirava?
Sentia-se morrer. Uma dor sem fim a instalar-se no corpo, a paralisar-lhe os membros. A loucura!
Não a podia perder. Era dele. Tinha de a recuperar. Ou a dor quebrá-lo-ia. Ali, naquele momento. E cada pedaço de si a reclamaria.
Não pensou. Não tinha espaço. Sabia que a amava. Muito! E só a ela.
Olharam-se na ânsia de respostas. Nos olhos as marcas da dor. No corpo o desanimo e o cansaço.Um abraço forte uniu-os na dor que ambos sentiam.
Não sabiam o que fazer do que tinham. As respostas que encontravam sentiam-nas fisicamente. No bater desordenado do coração, nas lágrimas que corriam soltas e em tanta dor que permanecia difusa e incontrolável dentro de peitos pequenos para tanta coisa. As outras, escondiam-se por mais que as procurassem.
Ela veste-lhe agora as memórias e chora-o de tanto o amar!
Ele espera-lhe as respostas até um dia...
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