No dia em que banirem as memórias

No dia em que banirem as memórias, deixarei de me perder nas saudades do que foi e do que está para vir. Serei eternamente criança porque não saberei crescer. Mas o meu coraçao será puro!
Haverá um Presente enorme do tamanho das nossas vidas. Sem ontem nem amanhã.
Um só Agora constante e fugaz. O Momento da ternura, do riso e da lágrima.
E a inocência pura e eterna cumprida.
Sem memória não se aprenderá a dor que se desconhecerá sempre. E o amor será infindo sobressalto num coração que nada sabe.
Só as marcas da carne perdurarão e não se sonha como foram alguma vez. Tudo será novo sempre.
Tudo será espanto. A mesma mulher outra a cada dia.
Cada amanhecer um presente a desembrulhar na magia do desconhecido e a vida ali na aventura dum dia que se vai nas inscrições que já não se farão.
Cruzar-nos-emos tranquilamente e tudo será sempre novo. Tudo semente e desejo.
Não haverá tempo para esperas. Nem mágoas. Ou anseios.
Ser-se-á!
No Presente como se de um presente se tratasse. Que a cada dia nos será dado. E a cada dia desembrulharemos, devagar ou a rasgar.
Mas um de cada vez. E sempre de novo.

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