Não me apetecem despedidas

E dançámos, rodopiámos, ao som dos sonhos que construímos nas noites que devorámos sem sonos nem cansaços.
Era a última das danças em toques esperados em desespero. Depois eram as partidas. Os sonhos divididos. De cá, a vontade e o medo de partir. E o oceano tão grande pelo meio. Lá, o sonho a cumprir-se. E, pelo meio, um amor que se sentia da imensidão do oceano que nos separava.
Um abraço mais forte, na volta apertada, traz-nos de regresso. A este tempo. A ouvir a mesma música, ao mesmo tempo e a dançá-la, num passo certo, como quem sempre a dançou e nunca outra coisa tivesse feito.
Como a dançaremos estando tão longe? E as ausências dos toques que se anseiam?
As vozes, os risos, os olhares cruzados em camaras de video de má imagem, as músicas, podemos mantê-las.
Mas... E tudo o resto?
Dançámos, dançámos até que o cansaço marcasse em nossos corpos o amor, de forma tão visivel que, só isso, bastasse para vivermos assim. Essa dor manteria viva a esperança. Um dia descobriríamos qual.
Até lá, continuariamos a partilhar as mesmas canções em sonhos e continentes divididos.

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