Paragem obrigatória

A lágrima que espreita teimosa, instalada á beira da queda, não está aí por teimosia.
Não está aí por não ter espaço onde devia. Não está assim por ser gentia.
Está pelos sinais que pressente.
E deixa-se cair, dando lugar a outra que também os sente.
Aproxima-se o tempo de todos os limites. Em que tudo se vive no limiar. Da gargalhada á lágrima. Onde a tranquilidade não tem sentido. Um sorriso é sempre um prenúncio duma lágrima. Emoção simples. Emoção. Ternura a doer.
Como se nunca houvesse caminho. Só partida e chegada.
Pior. Só chegada e partida.
Como se tudo se tivesse e tudo se perdesse, sem o tempo de se ter tido, verdadeiramente.
Como se nós e as coisas tivessemos velocidades diferentes.
E quando as queremos agarrar, conservar na memoria afectiva, lhes perdessemos o rasto, de tão distantes estarmos.
Porque tudo e tanto acontece em simultâneo. E não há tempo, para tanto tempo que queremos viver.
Ainda agora chegamos e já fazemos as malas para partir.
E a lágrima teima em ficar-se no desequilibrio, instalada á beira da queda...

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