Em segredo

Visito-te em segredo. Sempre que a saudade mo faz de viva voz.
Não te bato á porta de propósito. Vou descalça em surdina.
Que ninguém pressinta, nem mesmo tu.
Fico quieta a olhar-te. Como me sabe tão bem fazer. Ouço-te o riso, enquanto o teu cheiro me envolve. Fico-me neste abraço que te roubo. E pairo, leve, leve.
E deixo-me ficar.
Como quem vê alguém dormir e respira de mansinho a procurar sintonia.
Como gosto de te sentir dormir.
Aquieto-me um pouco, aqui neste cantinho onde tu não suspeitas que te olho. E sonho-te.
Como barco sem remos deixo-me ir á deriva pelos pensamentos que nascem por ti.
Sabem-me a tardes frescas em tempo de calor. Assim sacio a sede que tenho de ti.
Agora vou. Voltarei. Sei que sim.

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