A vida dos traços

(pesquisa na net) arte levantina

Espanto-me com a vida dos traços. Como crescem. Tomam formas. Definham e morrem quando os desenhamos. Ou por vezes, rebolam e saltam nas linhas, se a alegria nos transborda.
Fazem de nós o retrato do que sentimos.
Lembro ainda, de forma terna e com nitidez, o meu querido professor de História, de que tanto gostei, quando me dizia:"Rosa Maria, hoje não estava nos seus dias, a sua letra redondinha, como os vinhedos do Douro, estava desconcentrada!"
Desconcentrada... Como se as letras se desconcentrassem por si!
Era um sábio aquele homem. E as letras que eu desenhava, umas delatoras!
São-no sempre. Não fossem agora os meios que usamos e denunciarnos-iamos a cada palavra escrita.
Transparentes no olhar, no gesto e no traço, seríamos violados no espaço interior que cremos protegido. É o traço também espelho da alma. Conta também histórias que nem supomos. E quando nos debruçamos a lê-las, descobrimos outros mundos, outros tempos, outras vidas.
Pelos traços que deixamos seja da forma que for.
E pelos tempos que forem.
As marcas permanecerão, mesmo que indeléveis.

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