Há coisas assim

Saíram ao mesmo tempo, cada um de seu carro. Dirigiram-se ao mesmo Café em frente ao mar. Ele cedeu-lhe a passagem. Ela agradeceu sorrindo. Ela dirigiu-se aos lavabos. Ele também. Tinha as mãos sujas por causa do volante, ela, por outro motivo qualquer, também precisava de as lavar. Cruzaram o olhar no espelho. Ele arriscou. Bebe qualquer coisa comigo? Novo sorriso. Porque não? Vinha mesmo para o fazer. Faço-o consigo.
Sentaram-se na esplanada virados para a praia. Pediram as bebidas e imediatamente se perderam em conversas. Como se se conhecessem de há muito. As palavras fluiam, as histórias de cada um entrelaçavam-se a propósito sem o terem.

Entardeceu sem disso se darem conta. Era a hora de cada um ir para seu lado.
Ela agradece. Muito obrigada pela companhia. Gostei muito.
Ele não resistiu, arriscou de novo. E se jantássemos?


Mais tarde, confessou-lhe a vontade louca que tivera em agarrar-lhe as mãos. Senti-las e guardá-las para conservar aquele momento de forma eterna. Pediu-lhe então, delicadamente, licença para o fazer.


Por muito tempo ele a guardou. Como quem guarda um tesouro, intocável.
Ela deixou-se guardar.

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