O sabor das palavras

Estranho como as palavras têm sabor. E se alteram quando alguém as fala. Como se fossem alheias ao que lhes é comum. E tomassem sentidos que rumassem a pontos diferentes.
Estranho como a boca de quem lhes dá vida lhes tira ou dá alma nova.
Como se perde o sentido que pensamos estar dentro delas. E como nos dói quando as ouvimos e desconhecemos.
Mesmo que procuremos a nascente não descobrimos os caminhos que percorre. Percebemos que algures, a meio do percurso, se fizeram diferentes pelo uso que lhes deram.
Apunhalada, a palavra, perde a pureza da inocência. Ganha cores e sabores de quem as navega. De quem as usa. E a mesma palavra, a mesma conjunção de letras adquire mil significados. E as palavras que amo, traiem-me. Porque usadas por outros têm às vezes sabor amargo.
Como Liberdade, como Democracia.

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