Letras

Aprendera cedo a devorar as letras. A descobrir as histórias que as palavras lhe contavam.
Lembra-se ainda do jornal que partilhava lá em casa com ele. Na parte que era sua liam-se aventuras de Príncipes Valentes, heróicos e cavalheirescos. Primeiro foram os desenhos depois as legendas. Sabia que a cada domingo, na mesa do café onde o compravam e depois se instalavam, qualquer coisa de novo podia ter acontecido as personagens que conhecia. Cuidava delas com carinho. Vivia com elas as tristezas, as alegrias e os anseios.
De vez em quando alguém se sentava e perguntava. Então rapariga, já sabes ler?
Sabe, sabe, quer ver? Olha, lê lá isto!
Descia das aventuras do seu príncipe dos domingos e lia um artigo qualquer sobre coisas que lhe eram estranhas.
Acabava de ler e voltava de novo ao que deixara em espera.
Muito bem! Rapariga desempenada. E é novita, ainda!
Pois é! Respondia ele com orgulho.

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